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Política |
24-11-2025 22:06:52
| Fonte: CIPRA
COOPERAÇÃO INTERCONTINENTAL
João Lourenço defende pragmatismo na relação entre África Europeia
<p>A relação entre a União Africana e a União Europeia deve guiar-se por um espírito de pragmatismo, sem burocracias que retardem a implementação de acções importantes, exortou esta segunda-feira, 24 de Novembro, em Luanda, o Presidente da República e da União Africana, João Lourenço.</p><p>Ao discursar na abertura da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, no Salão Protocolar da Presidência da República, o Chefe de Estado angolano disse apreciar o funcionamento da cooperação entre África e Europa, mas defendeu a adopção de medidas que permitam fixar os jovens africanos nos seus países de origem, através de projectos que assegurem formação profissional e empregabilidade.</p><p>No seu ponto de vista, o continente continua a enfrentar uma significativa carência de quadros, o que limita a participação dos africanos na execução de projectos conjuntos e dificulta a resposta às necessidades de mão-de-obra das empresas europeias que investem em África.</p><p>Ao abordar o empreendedorismo e o investimento, o Presidente destacou que África necessita de acesso a financiamentos com custos confortáveis, fundamental para a electrificação, industrialização e melhoria da mobilidade de pessoas, bens e serviços.</p><p>Esse esforço, disse, é decisivo para edificar as bases que impulsionarão o desenvolvimento do continente africano.</p><p>O estadista angolano alertou, contudo, que tal progresso exige uma nova visão sobre a relação financeira entre África e as instituições creditícias internacionais, defendendo mecanismos que permitam investir sem agravar o endividamento insustentável.</p><p>João Lourenço disse que a pobreza prolongada em África representa não apenas um problema interno, mas também um risco global, manifestado no surgimento cíclico de epidemias, emigração massiva, conflitos internos e outras fragilidades sociais.</p><p>“É com o objectivo de superarmos esse estado de coisas que atribuo uma grande relevância à cooperação União Africana–União Europeia, apelando no sentido de, sempre que possível, serem reforçados os meios e os recursos a serem disponibilizados para a dinamização crescente da cooperação económica que desenvolvemos", afirmou.</p><p>João Lourenço acrescentou que isso fará com que empresários e investidores europeus se interessem por África e invistam na industrialização do continente e em sectores da economia africana que impulsionem o crescimento e produzam benefícios recíprocos.</p><p>Sobre as alterações climáticas, advertiu que o planeta enfrenta fenómenos extremos cada vez mais frequentes, agravados pelo consumo excessivo de combustíveis fósseis e pela desmatação de grandes áreas florestais.</p><p>Apesar de África ser o continente que menos emite gases com efeito de estufa, João Lourenço entende que o continente possui enorme potencial para contribuir para o combate ao aquecimento global, através do aproveitamento da energia hídrica e solar.</p><p>O Presidente em Exercício da União Africana defendeu igualmente um maior combate à desertificação e a substituição gradual da lenha e do carvão vegetal por gás de cozinha, reconhecendo, porém, as dificuldades financeiras e culturais deste processo.</p><p>João Lourenço destacou ainda os maiores desafios à segurança internacional, nomeadamente a guerra na Ucrânia, as mudanças inconstitucionais de poder em países da África Ocidental e da SADC, recentemente no Madagáscar, o avanço do terrorismo no Sahel, na Somália e em Moçambique, bem como os conflitos no Sudão e no Leste da República Democrática do Congo, onde alertou para riscos de secessão, além da crise no Médio Oriente, com particular preocupação para a situação na Faixa de Gaza.</p><p>Para o Presidente de Angola, estas crises resultam da violação dos princípios da Carta das Nações Unidas, como a não-agressão, o respeito pela soberania dos Estados e a resolução pacífica dos conflitos, criticando as grandes potências que, sendo membros permanentes do Conselho de Segurança, desautorizam o próprio órgão com medidas unilaterais baseadas na força.</p><p>Por fim, o Chefe de Estado apelou ao resgate urgente do multilateralismo “para o bem da humanidade”.</p>